
Entre o caos e o legado
Na São Paulo cinzenta, onde o concreto é moldado à base de gritos, suor e riffs distorcidos, a Black Days surgiu como um grito de resistência — visceral, urgente e real. Desde 2014, quando ex-integrantes de bandas como Gloria, Savant Inc, Life to Live, Every Man Is An Island e Anistie se reuniram com um propósito em comum, o grupo vem esculpindo sua história a golpe de som pesado e alma exposta.
O single de estreia, “Entre o Caos e a Revolução”, já dava sinais do impacto que a banda causaria: 20 mil plays em apenas três dias no Spotify e, em seguida, mais de 100 mil com o lançamento do EP homônimo. Não demorou para o nome Black Days figurar em playlists como “50 Mais Virais do Brasil” e “Volume Máximo”, provando que a honestidade ainda tem eco — e alto.
Ao longo dos anos, a banda conquistou palcos e corações, seja em festivais como o Osasco Fest (com plateia de 6 mil pessoas), seja nos clipes marcantes como “Vida que Segue”, que não apenas rendeu mais de 150 mil visualizações, mas também cravou a Black Days na capa da playlist “Palco Underground”. Abriram shows para gigantes como The Amity Affliction e This Wild Life, e firmaram de vez seu lugar na elite do rock alternativo nacional.






Mas em 2025, a banda dá um passo ainda mais profundo — e dolorosamente bonito — com o lançamento do álbum “Treze”. Produzido por Filipe Coelho, figura respeitada da cena, o disco é mais que um álbum: é um tributo. Uma homenagem direta a Fábio Figueiredo (ex-vocalista da John Wayne), primo do vocalista Bruni Chapow e figura essencial na vida e no som da banda. O disco é, ao mesmo tempo, despedida e celebração, explorando temas como perda, legado e reconstrução com uma sensibilidade brutal.
A nova formação — Bruni Chapow (voz), Victor Mendes (guitarra), Vinicius Gabriel (bateria) e Vinicius Correia (baixo) — entrega um trabalho coeso, maduro e afiado. “Treze” não tenta reinventar a roda, mas mergulha fundo onde a maioria tem medo de olhar. É o tipo de álbum que sangra, cura e marca. Um divisor de águas para a Black Days — e um convite para quem ainda não conhece mergulhar de cabeça.
E quem quiser sentir essa força ao vivo tem data marcada: a Black Days se apresenta no Tollosa Festival no dia 26 de outubro, levando seu novo repertório — e sua intensidade característica — à Praia do Pontal, em Paraty. Prepare-se para um show que promete ser catártico, honesto e inesquecível.
Se o underground paulistano sempre teve uma alma indomável, a Black Days é uma de suas vozes mais potentes. E em tempos onde tudo parece descartável, eles seguem firmes: peso, propósito e verdade em cada nota.
Chega mais no som!